Antes de responder a pergunta principal, vamos começar entendendo o que são psicodélicos. Psicodélicos são substâncias que podem ser naturais, como a Ayahuasca, Psilocibina e Mescalina ou sintéticas como o MDMA e LSD. Cada um dos psicodélicos é utilizado em contextos diferentes e podem ser utilizados com propósitos diversos, como religiosos e terapêuticos.
Entre seus efeitos estão a alteração da percepção da realidade e intensificação tanto de cores, como de sons e sentimentos. Os psicodélicos são utilizados grande parte das vezes como uma forma de expandir a consciência.
Cada vez mais, têm crescido o interesse no uso de psicodélicos como forma de auxilio nos campos da psicologia e da medicina. Diversos estudos recentes tem sido conduzidos para entender quais são os beneficios e quais poderiam ser os riscos do uso de psicodélicos.
A palavra psicodélico vem de psico (alma ou mente) e délico (manifesto ou evidente). Dessa forma a própria palavra traz a idéia do conhecimento mais profundo da alma.
O artigo “Psychedelic-Assisted Psychotherapy—A Systematic Review of Associated Psychological Interventions” apresenta uma análise de diversos estudos sobre o uso de psicodélicos como auxilio no processo psicoterapêutico e reúne-os de uma forma explicativa. De acordo com o artigo, a Psicoterapia Assistida por Psicodélicos é uma forma de psicoterapia que tem sido estudada cada vez mais por institutos de pesquisa renomados, a qual envolve o uso de psicodélicos como facilitadores do processo psicoterapêutico.
Os psicodélicos são inseridos no processo de psicoterapia, como facilitadores por seu potêncial de aumentar a neuroplasticidade, isso traz uma oportunidade de flexibilidade mental que pode ser muito benéfica para aqueles que enfrentam dificuldades de mudança de hábitos, pensamentos e reações emocionais.
Ao longo do artigo, são apresentados e discutidos diversos estudos e formas de aplicação de uma Psicoterapia Assistida por Psicodélicos. Como ainda está em fase de estudos, não se tem uma determinação fixa de como deve ser aplicada, entretanto, é possível perceber que todos os estudos tem algumas semelhanças, sendo a mais perceptiva a divisão do processo em 3 etapas: a preparação, o uso da substância e a integração.
A preparação se dá através de uma sequência de sessões visando um fortalecimento de uma aliança terapêutica, discussão de temas que podem ser relevantes durante o uso da substância e a explicação e resolução de possíveis dúvidas que o paciente possa trazer.
Esse é um momento crucial para o tratamento, pois é nele em que será criado o vinculo do paciente com o terapeuta, garantindo que o paciente possa se sentir confortável e seguro para acessar sentimentos diversos. O número de sessões de preparação varia de acordo com a abordagem utilizada no estudo e ainda não se tem um consenso do número ideal de sessões.
O momento de uso da substância se dá após definição da substância mais indicada para a demanda do paciente. O artigo apresenta diversas substâncias e quais demandas cada uma tem sido mais estudada. Esse momento ocorre em um ambiente controlado e confortavél, muitas vezes com objetos que remetem conforto para o paciente, em todos os estudos apresentados era essencial a presença de profissionais capacitados ao lado do paciente, em alguns o próprio terapeuta estava na sala ao lado do paciente como forma de apoio emocional. Em alguns casos, música era incluida nesse processo como forma de facilitar a experiência.
Por fim, ocorrem as sessões de Integração, que envolvem sessões nas quais o psicoterapeuta auxilia o paciente a integrar as experiências vividas e generalizá-las para a vida cotidiana. Esse é o momento em que o paciente conta o que experienciou e o terapeuta auxilia a integrar cada aspecto em sua vida cotidiana, permitindo que o paciente traga suas reflexões e discuta abertamente os sentimentos que foram intensificados. Esse momento é essencial, pois é quando o paciente, com auxilio de um psicoterapeuta, trabalha suas questões e faz uso da neuroplasticidade aumentada para pensar em soluções para seus problemas e mudanças que gostaria de implementar.
Assim como mencionado, a Psicoterapia Assistido por Psicodélicos ainda está em fase de pesquisas, entretanto, já se tem estudos o suficiente que comprovam os benefícios que os psicodélicos podem trazer para a saúde física e mental.