Integração Psicodélica

Efeito antidepressivo de Psicodélicos em Modelo de desespero crônico com ratos

Uma das maiores causas de incapacitação no mundo, é o Transtorno Depressivo Maior, podendo afetar até 20% das pessoas durante o curso de vida em países desenvolvidos. Além de comprometer a qualidade de vida de pacientes e o risco de suicídio, o transtorno também gera grandes pesos econômicos. A prevalência de depressão tem aumentado cada vez mais desde a pandemia de COVID-19, a qual é responsável por gerar um grande aumento no sofrimento e nos transtornos mentais, em geral. 

Os medicamentos mais utilizados como antidepressivos são inibidores seletivos de recaptação de serotonina, eles mostram uma melhora inegável em sintomas depressivos, entretanto seus efeitos demoram diversas semanas para serem percebidos e menos de 50% dos pacientes demonstram remissão completa dos sintomas, mesmo com psicoterapia. Em adição, 30% dos pacientes demonstram serem resistentes a qualquer tratamento. Com isso, surge uma necessidade urgente do desenvolvimento de antidepressivos com ação mais rápida e mais eficientes para pacientes com o Transtorno Depressivo Maior. 

O artigo descreve um estudo feito com ratos, sendo um grupo de ratos saudáveis e outro de ratos com deficiência de 5-HT2AR, esse seria um receptor para os compostos da experiência psicodélica. Com isso, o estudo tem como objetivo, observar o papel da experiência psicodélica sobre o efeito antidepressivo dessas substâncias. Dentro dessa divisão, os ratos saudáveis foram divididos entre aqueles que passaram pelo condicionamento de sintomas depressivos, os quais chamaremos de condicionados saudáveis, e aqueles que não passaram pelo condicionamento, os quais chamaremos de não condicionados saudáveis. 

As substâncias utilizadas foram DOI, um psicodélico sintético, Lisurida, um derivado de ergot, um tipo de cogumelo, não alucinógeno, da classe dos antiparkinsonianos, e por fim, a psilocibina, psicodélico que tem sido amplamente estudado sobre seus efeitos antidepressivos. 

Durante o estudo, diversos testes comportamentais foram criados para verificar sintomas depressivos, como apetite, energia e nível de desespero. O estudo também foi dividido entre aplicação de dose única das substâncias e microdosagem, para verificar a diferença de efeitos antidepressivos e efeitos colaterais, como efeitos alucinógenos. 

Como resultado da aplicação em dose única, foi possível observar que em ratos condicionados saudáveis, as três substâncias tiveram efeitos consideráveis sobre os sintomas depressivos, demonstrando uma significativa diminuição nos mesmos, apresentando como efeitos colaterais, efeitos alucinógenos e mudanças perceptíveis na apetite . Entretanto, em ratos condicionados com deficiência de 5-HT2AR, foi possível perceber que tanto DOI quanto Lisurida não foram efetivos na diminuição dos sintomas depressivos, em contrapartida, o efeito da psilocibina não foi modificado, tendo como única alteração, a ausência de efeitos alucinógenos e a ausência de mudanças perceptíveis no apetite. 

A administração de DOI e psilocibina em micro dosagens se deu durante o período de 6 dias para simular a dosagem em uma semana. Como resultado foi possível perceber que os sintomas alucinógenos foram significantemente reduzidos e os efeitos antidepressivos se mantiveram eficazes. 

Como conclusão, o artigo apresenta que os efeitos alucinógenos dos psicodélicos não demonstraram grande relevância sobre seus efeitos antidepressivos, mas ainda são necessários outros estudos para aprofundar na questão e continuar testando possibilidades. Da mesma forma, durante o estudo, foi possível perceber um melhor prognóstico em relação às micro dosagens sobre as doses únicas, com mesmos resultados antidepressivos e menor presença de efeitos colaterais nas mesmas. 

ADENDO: É importante considerarmos que o estudo foi feito em ratos, fazendo com que os resultados demonstrem estritamente a questão farmacológica, entretanto não considerando as questões subjetivas que estão intrinsecamente ligadas à natureza humana e dos transtornos mentais, como a depressão.

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