A medicina psicodélica é uma área de pesquisa que tem se desenvolvido cada vez mais. O desenvolvimento clínico e o interesse público têm levado a mudanças significativas na regulação das substâncias ao redor dos Estados Unidos e mundo. Entretanto, essa mudanças em regulações não significam que o estigma ao redor dos psicodélicos tenha desaparecido.
O artigo tem como objetivo separar mitos e fatos sobre os efeitos psicodélicos e suas possíveis consequências, de acordo com estudos científicos. O artigo traz a ideia de que os estigmas sobre os psicodélicos tem sua origem séculos atrás e que eles estão repletos de motivos que não são necessariamente relacionados aos psicodélicos.
Ainda hoje, o assunto traz diversas opiniões polarizadas e é importante tratar o assunto agora, em um momento que estudos estão demonstrando a eficácia dos psicodélicos no tratamento de diversos transtornos.
Nos anos 60, a percepção de que psicodélicos tinham como efeito um tipo especial de dependência, contribuiu para sua proibição internacional. Psicodélicos eram considerados com alto potencial aditivo, pelo simples fato de serem muito utilizados.
Utilizando os critérios do DSM-V, o artigo demonstrou que psicodélicos não se enquadram no mesmo perfil de dependências, como opióides. As pesquisas atuais mostram que psicodélicos não causam dependência e nem uso compulsivo. A Psilocibina, de acordo com um estudo, tem um potencial risco de dependência menor do que o da cafeína.
Uma percepção vastamente espalhada sobre psicodélicos, é que aqueles que utilizam as substâncias se tornam um risco para si mesmos e para os outros, entretanto, não é isso que o artigo demonstra. Por intensificar experiências emocionais, o local e ambiente da experiência são muito importantes. O uso deles em ambientes controlados e seguros, é fundamental, pois em ambientes e pessoas despreparados, os efeitos psicodélicos podem apresentar potencial de escalar para comportamentos perigosos. De acordo com pesquisas, psicodélicos são menos perigosos para a sociedade do que o álcool e outras drogas controladas.
Outra concepção fortemente defendida sobre psicodélicos, são as experiências desafiadoras, ou seja, experiências que envolvem sentimentos de medo, ansiedade, disforia e paranoia. Essas experiências podem sim ocorrer e por esse motivo, é essencial que ocorra uma preparação, supervisão e extensa integração da experiência. Foi demonstrado, que mesmo com experiências desafiadoras tem potencial positivo no âmbito de tratamentos, quando bem acompanhados por profissionais em ambientes seguros.
Uma crença pública sobre os psicodélicos é de que eles são tóxicos para o cérebro humano. Atualmente, a maioria dos pesquisadores consideram os psicodélicos como não tóxicos, ou seja, não prejudicam o sistema humano, sem apresentar déficits fisiológicos e/ ou neurológicos. Casos de overdose com substâncias psicodélicas foram verificados apenas em situações muito extremas como por exemplo, o uso de doses 700 vezes maiores do que aquelas utilizadas em estudos clínicos.
Durante a experiência psicodélica em si, os psicodélicos podem induzir efeitos de curta duração e não clinicamente significativos, como o aumento no batimento cardíaco, pressão e temperatura corporal. Por esse motivo, é de extrema importância que o uso das substâncias seja acompanhado por profissionais e que quaisquer problemas cardíacos sejam apresentados durante as sessões de preparação para maiores cuidados.
Como conclusão, é possível perceber que a segurança fisiológica de psicodélicos já está relativamente bem estabelecida, sendo os psicodélicos considerados seguros para uso, principalmente quando utilizados em ambientes controlados e com cuidados de profissionais da saúde especializados.